No calor ou na tormenta
Cumplicidade e confiança
Eu tinha certeza
Depois da tempestade, a bonança
Navegávamos no mesmo barco
Remávamos num ritmo constante
Sempre à frente
Sempre avante
Cada um, com seu motor guardado
Pois gostávamos de remar
Era digno e puro
E nos fazia mais humanos
Numa dessas, o barco vira
A noite cai, e se complica
Meu motor!
O mar, de mim, furta
Me afogo sem salva-vidas
O vejo daí de cima
Digo: Ei! Estenda-me o remo!
Apoio-me pouco
E o barco quase vira
E eu, firme com o remo
Nada mais me sustenta
Não vejo mais sua mão
Não há mais alguém que me erga
E o barco se distancia
Torço para que siga
Pois, com um remo só
O barco gira, gira
Eis que vejo o motor arrancar
E o barco se perde no pôr do Sol
Espero até que a morte
Doce, venha me apanhar
Cada um, com seu motor
Mas eu gostava de remar
Pois era digno e puro
E termina hoje,
Meu ciclo agressivo
Passível de erros
Que as ondas hão de sepultar